O universo cantado por Elomar Figueira de Melo foi a inspiração para a construção do espetáculo teatral Desterro, que tem na canção Faviela a personagem ponto de partida para a construção da encenação.
Desterro é o espaço ficcional onde a personagem Faviela, moça donzela que há muito tempo atrás fugiu com um moço misterioso, tem voz. É nesse espaço que Faviela sobrevive e se reinventa. Lugar de fulguração dos sentidos, de condensação e moradia do ser poético, onde o que conta não é o início nem a chegada, mas a travessia. Onde a própria língua é “uma trama infinitamente complicada, onde se propagam se dividem e se perdem as fulgurações luminosas do sentido”.
No seu estradar, Faviela não esta só, tem por companhia a burrinha Fulô, o sabido Pingo, porquinho cheio de idéias e uma mala, depositária de um passado que não se enterra em suficiente fundura. A sina vivida pela personagem é de livre criação da atriz Rita Alves, que faz uso dos textos: Recitativo – Das Visage e Latúmia (auto da catingueira) e Chula no Terreiro de Elomar Figueira de Melo, e algumas palavras e frases soltas da obra de Guimarães Rosa, Patativa do Assaré, Mia Couto e Eduardo Galeano para a construção do texto. Uma colagem poética de textos que junto com outros elementos constroem a narrativa do espetáculo Desterro.
Narrativa esta, que se desenvolve de forma fragmentada num retrospecto, uma despedida que solicita a escuta paciente e evoca a memória…
Ficha Técnica
Elenco: Rita Alves
Desenho de luz: Júnior Oliveira
Operação de luz: Kétely Aquino
Operação de som: Flávia Onorato
Cenário, figurino e adereços: Teatro Reinação
Fotos: Dirce Vieira